ACESSO E PERMANÊNCIA DOS(AS) ESTUDANTES COTISTAS QUILOMBOLAS NO ENSINO MÉDIO INTEGRADO
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DOI:
10.36732/riep.v6i3.569Palavras-chave:
Ações afirmativas, desigualdades educacionais, educação profissional, ensino médio integrado, permanência escolarResumo
Este artigo realiza uma análise das políticas de ações afirmativas, com ênfase no percurso formativo do primeiro grupo de estudantes cotistas quilombolas do Ensino Médio Integrado (EMI) do Instituto Federal da Bahia (IFBA). Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa e exploratória, desenvolvida por meio de estudo de caso, com base em revisão bibliográfica, análise documental e levantamento de dados no Sistema de Seleção de Candidatos(as), bem como na extração de informações do Sistema Unificado de Administração Pública (Suap), Módulo Ensino, referentes ao desempenho acadêmico desses(as) estudantes no ano letivo de 2023. Entre os campi com maior número de matrículas de estudantes quilombolas, destacam-se Irecê, com 25%, e Simões Filho e Seabra, ambos com 19%. No que se refere à autodeclaração racial, 58% dos(as) estudantes se identificaram como pretos(as), 33% como pardos(as) e 6% como brancos(as). Em relação à situação socioeconômica, 56% dos(as) discentes declararam possuir renda familiar inferior a meio salário mínimo, 11% declararam renda entre meio e um salário mínimo, enquanto 31% optaram por não informar sua renda familiar. Quanto ao desempenho acadêmico, observou-se que 64% dos(as) estudantes foram aprovados(as), 25% ficaram retidos(as) no primeiro ano do EMI e apenas 6% cancelaram suas matrículas. Diante desses dados, ressalta-se a importância de se avançar para além da garantia das reservas de vagas nos processos seletivos, promovendo medidas que garantam a permanência e o sucesso acadêmico dos(as) estudantes ao longo de sua trajetória formativa. Tais ações devem abranger tanto a dimensão material, relacionada às condições econômicas e de renda, quanto a dimensão simbólica, que envolve aspectos políticos, pedagógicos e culturais, de acordo com as demandas específicas do grupo de estudantes quilombolas.Downloads
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Referências
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